Ativista brasileiro Thiago Ávila é deportado de Israel após greve de fome e pressão internacional

Interceptação em alto-mar e detenção de ativistas
O ativista brasileiro Thiago Ávila embarcou em uma das ações humanitárias mais comentadas deste ano: a Freedom Flotilla, uma coalizão internacional que tenta romper o bloqueio em Gaza levando suprimentos e apoio ao território sitiado desde 2007. A iniciativa ganhou ainda mais destaque após a participação de nomes conhecidos, como a ambientalista sueca Greta Thunberg e a deputada francesa Rima Hassan.
No dia 9 de junho, a embarcação Madleen, onde os ativistas estavam, foi interceptada por forças navais israelenses a cerca de 200 quilômetros da costa de Gaza — ou seja, bem além do espaço marítimo controlado por Israel. Mesmo assim, os militares entraram na embarcação, retiraram todos à força e os levaram até o porto de Ashdod. De lá, Ávila e mais 11 pessoas foram transferidos para o centro de detenção de Givon.
O Brasil entrou diretamente na história após denúncias sobre as condições dos brasileiros detidos, principalmente de Ávila, que resolveu protestar fazendo greve de fome e até de água, contra o que chamou de detenção arbitrária e ilegal. Durante a estadia no centro de detenção, o brasileiro ficou em solitária e teve contato próximo apenas com advogados e representantes consulares.

Pressão diplomática e deportação
As imagens e relatos de ativistas presos geraram grande repercussão nas redes sociais, provocando resposta do governo brasileiro. O Itamaraty classificou a abordagem israelense como uma “violação flagrante do direito internacional” e pressionou por uma solução imediata, exigindo a liberação de todos os ativistas, principalmente de Thiago Ávila.
Durante vários dias, representantes da embaixada do Brasil em Tel Aviv acompanharam pessoalmente a situação de Ávila, inclusive em audiências judiciais realizadas em Ramla. Mesmo diante da forte pressão política, Israel manteve a decisão de deportar os estrangeiros detidos na operação. No entanto, Ávila recusou-se a assinar qualquer documento que sugerisse reconhecimento de culpa, o que retardou os trâmites por algumas horas.
Foi só graças à atuação do consulado brasileiro que o embarque de Ávila foi autorizado para o retorno ao país em 12 de junho, a partir do aeroporto de Tel Aviv. Outros ativistas estrangeiros — como o espanhol Sergio Toribio e os franceses Omar Faiad e Baptiste Andre — também acabaram deportados no mesmo período. Boa parte deles também se recusou a assinar documentos impostos por Israel. Até o dia 13 de junho, ao menos três membros da flotilha permaneciam detidos em território israelense, sem perspectiva de liberação imediata.
A Freedom Flotilla Coalition caracteriza suas missões como tentativas de entregar ajuda essencial diretamente à população de Gaza, ignorando o bloqueio mantido desde 2007 pelo governo israelense. O bloqueio marítimo é apontado por organizações internacionais como um dos grandes fatores para a crise humanitária crônica enfrentada pelos habitantes da região.
Apesar da intervenção policial, as ações da Freedom Flotilla voltaram a trazer visibilidade para o bloqueio e estimulam debates sobre a legitimidade dessas operações de socorro em águas internacionais. Para Thiago Ávila, sua deportação serviu de combustível para novas discussões diplomáticas sobre direitos humanos e a responsabilização de Israel diante das regras do direito internacional. Mesmo fora de Israel, ele e outros ativistas prometem manter a pressão por mudanças na política de bloqueio sobre Gaza.